OS PILARES DA SAÚDE DO HOMEM

1. SAÚDE MENTAL E ESPIRITUAL;
2. ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA;
3. EXERCÍCIO FÍSICO CORRETO;
4. SONO REPARADOR;

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A nova ciência do sono

A medicina descobriu que dormir
bem não apenas descansa, mas faz
pensar melhor e até emagrece
Paula Neiva

Montagem sobre foto Pedro Rubens


NESTA REPORTAGEM
EXCLUSIVO ON-LINE
Durante séculos, o sono foi considerado uma espécie de tempo morto. Serviria apenas para repor as energias gastas durante o dia. Essa concepção começou a ser desmontada na primeira metade do século XX, mas foi somente nos últimos dez anos, com os avanços nos estudos da genética, da biologia molecular e da neuroquímica, que a maioria dos médicos teve a atenção despertada (com o perdão do trocadilho) para a fisiologia e o real papel do repouso noturno na preservação da saúde. "As descobertas recentes inauguraram uma nova ciência do sono", diz o neurofisiologista Flávio Alóe, do Centro de Estudos do Sono do Hospital das Clínicas, de São Paulo. Ao contrário do que se supunha, durante o sono, o cérebro mantém-se em intensa atividade. Ela obedece a um ritmo próprio, abrange etapas bem definidas e é produto de um equilíbrio especial entre substâncias químicas e impulsos elétricos. Quando todos esses sistemas trabalham em harmonia, conserva-se a boa saúde. Quando, no entanto, eles entram em descompasso, por menor que seja o desajuste, o corpo padece. Sabe-se, hoje, que uma boa noite de sono ajuda a manter a silhueta alinhada, fortalece as defesas do organismo, protege o coração, facilita o aprendizado e a criatividade, aguça o raciocínio e até remoça. Em contrapartida, uma sucessão de noites em claro aumenta a incidência de diabetes tipo 2, depressão, problemas de memória, distúrbios cardiovasculares e até câncer.
Uma das pesquisas mais reveladoras é a que estabelece uma relação direta entre privação de sono e ganho de peso. Durante o repouso ideal, aumenta a síntese do hormônio leptina, responsável pela sensação de saciedade. Ao mesmo tempo, baixa a produção de grelina, o hormônio do apetite. Pois bem, a falta de sono pode levar a um desarranjo na liberação dessas substâncias e, assim, ao acúmulo de tecido adiposo. O maior estudo sobre o assunto foi realizado por médicos da Universidade Care Western Reserve, nos Estados Unidos. Eles acompanharam cerca de 70.000 mulheres ao longo de dezesseis anos. Metade delas dormia mal e não conseguia ultrapassar cinco horas de sono por noite. A outra metade dormia bem e por sete horas, em média. Ao término da investigação, os pesquisadores constataram que as voluntárias do primeiro grupo haviam engordado 15 quilos no período – um ganho de peso 30% maior do que o registrado entre as mulheres do segundo grupo. Mas as insones não comiam mais do que as não-insones. Comiam menos. A explicação para esse aparente paradoxo está no fato de que noites maldormidas, ao desregularem a fabricação de leptina e grelina, causam uma queda no ritmo do metabolismo. Ou seja, a queima calórica diminui e a armazenagem de gordura cresce. "Ao que tudo indica, a falta de sono é um fator de risco para a obesidade tão grande quanto os hábitos alimentares", diz o médico Sanjay Patel, coordenador do estudo.
A evolução no entendimento do sono teve como ponto de partida as pesquisas do fisiologista americano Alfred Loomis, da Universidade Princeton, feitas em 1937. Graças a um exame inventado pouco antes, o eletroencefalograma, Loomis foi o primeiro a mostrar que, mesmo no descanso noturno, o cérebro registrava atividade elétrica. O padrão das ondas cerebrais, no entanto, era diferente do verificado na vigília, com um nível de consciência menor. Além disso, Loomis notou que as oscilações na atividade elétrica do cérebro obedeciam a etapas bem definidas, que se repetiam em ciclos de, em média, noventa minutos cada um. Com isso, ele dividiu o sono em quatro estágios. O primeiro é o da sonolência, a transição da vigília para o sono, em que "a pessoa está como que à deriva, boiando, entrando e saindo da percepção consciente", escreve o psicólogo americano Santley Coren, no livro Ladrões de Sono. O estágio dois é o do sono intermediário, também conhecido como "o primeiro sono verdadeiro", do qual se desperta com facilidade. As etapas três e quatro compreendem o sono profundo, aquele que mais descansa. Em 1953, foi constatada a existência de uma quinta etapa do sono, chamada REM, sigla em inglês para movimentos oculares rápidos. No sono REM é que ocorrem os sonhos. Um de seus descobridores, o médico William Dement, da Universidade de Chicago, defende que o movimento dos olhos ocorre porque assistimos aos sonhos como se fossem filmes projetados numa tela à nossa frente. Do tempo total de repouso noturno, o ser humano passa 5% em sono leve, 45% em sono intermediário, 25% em sono profundo e 25% sonhando.
O número de horas, por si só, tem pouca importância. Propalou-se, durante anos, que um sono verdadeiramente reparador tinha de durar oito horas. Bobagem, atestam as novas pesquisas, já que se trata de um aspecto influenciado por uma série de variantes, como idade, genética e hábitos de vida. Está certo que nove de cada dez pessoas foram programadas geneticamente para acordar por volta das 7 da manhã e ir para a cama ao redor das 11 da noite. Mas há aquelas, por exemplo, que foram "desenhadas" por seus genes para funcionar melhor no período noturno e têm, por isso, extrema dificuldade para dormir e acordar cedo. Não é uma questão de indolência, e sim de natureza (boa desculpa para você, preguiçoso...). Ir contra essas características é, geralmente, tarefa das mais penosas, como ilustra, com bom humor, o dramaturgo italiano Ennio Flaiano, no livro Diario Notturno, de 1956. Nele, Flaiano narra o esforço de um homem para tornar-se uma pessoa de hábitos matutinos: "Decidiu mudar de vida, aproveitar as horas matinais. Levantou-se às 6, tomou banho, fez a barba, vestiu-se... e acordou ao meio-dia".
A verdade, porém, é que a maioria das pessoas, ao menosprezar o sono noturno, seja por necessidade de trabalho, seja por farra, termina por comprometer a sua saúde. A insônia voluntária, por assim dizer, quase sempre resulta na involuntária. Metade de toda a população adulta brasileira experimenta, pelo menos uma vez por semana, uma noite maldormida. Cerca de 30% dela tem insônia crônica, o que representa 40 milhões de zumbis. O que a nova ciência do sono também ensina é que é preciso aprender a dormir. Isso mesmo. Boa parte dos insones não prega os olhos porque simplesmente não sabe dormir. O que você faz quando chega o fim de semana? Desliga o alarme do despertador e, no sábado e no domingo, dorme até o sono acabar. É uma delícia. Então vem a segunda-feira e, com ela, já logo ao acordar, uma sensação de cansaço. A impressão que se tem é que não se descansou nada. Se não bastasse, a fadiga se estende pela terça – e, se bobear, pela quarta, quinta e sexta. Aí chega o fim de semana e a certeza de que dessa vez a canseira será compensada. Mas na semana seguinte a história se repete e assim por diante, num exaustivo círculo vicioso. Isso ocorre porque o suposto remédio para o cansaço cumulativo é justamente seu agente deflagrador: dormir até tarde no sábado e no domingo.
A descoberta coube a pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália. Depois de medirem a concentração de melatonina, o hormônio do sono, no sangue de dezesseis jovens saudáveis, de segunda a domingo, eles concluíram que dormir duas horas e meia além do habitual, por dois dias seguidos, provoca um atraso de 42 minutos no relógio biológico. Pode parecer pouco, mas é o bastante para criar uma legião de zumbis. O ideal é que não se durma mais de uma hora e meia além do habitual. Se, mesmo assim, o sono persistir, deve-se ficar acordado por, no mínimo, três horas antes de voltar para a cama. Ou esperar até depois do almoço, entre 1 e 3 horas da tarde, e fazer uma sesta de, no máximo, trinta minutosAjustes como esses mantêm a pontualidade do relógio biológico e ajudam a preservar a qualidade do sono.
Se aprender a dormir é difícil, tomar remédio para desmaiar na cama é facílimo – e os avanços nos estudos da fisiologia do sono vêm impulsionando a produção de medicamentos mais seguros. Uma das substâncias em que a indústria farmacêutica mais aposta é o gaboxadol. "Ao que tudo indica, o sono à base de gaboxadol é o que mais se aproxima do natural, sem os riscos de efeitos colaterais dos remédios tradicionais", diz a médica Dalva Poyares, da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica. Certa vez o escritor inglês Aldous Huxley (1894-1963) observou: "Se não somos mais loucos e mais doentes, devemos isso exclusivamente ao sono, o mais abençoado de todos os atributos naturais". A cada descoberta, a ciência atesta que o autor de Admirável Mundo Novo estava coberto de razão.

A LOUCURA DA SONOREXIA
Enquanto a maioria da humanidade sonha com uma boa noite de sono, algumas pessoas fazem de tudo para se manter acordadas. Sempre foi assim. O novelista francês Honoré de Balzac (1799-1850) trabalhava normalmente durante quinze horas por dia. Para evitar que o sono embotasse sua mente, Balzac tomava café de hora em hora. "O café põe o sangue em movimento, faz brotar os espíritos motores; excitação que precipita a digestão, tira o sono e permite manter durante um pouco mais de tempo o exercício das faculdades mentais", escreveu em Tratado dos Excitantes Modernos, de 1838. Quase dois séculos depois, o afã de não dormir tornou-se tão freqüente que a comunidade científica batizou-o de "sonorexia" – numa analogia ao termo anorexia, distúrbio psiquiátrico em que o doente se recusa a comer ou come muito pouco porque se acha gordo. Pois bem, o sonoréxico é aquele que se priva conscientemente do sono (por vontade ou necessidade), porque, para ele, dormir é sinônimo de desperdício de tempo.
Entre os compostos sintéticos mais usados pelos sonoréxicos estão as anfetaminas, as famosas "bolinhas", utilizadas no combate à obesidade. Estimulantes do sistema nervoso central, elas levam a uma agitação semelhante à provocada pela cocaína. Recentemente, esse pessoal passou a recorrer a outro tipo de substância: o modafinil, vendido sob o nome comercial de Provigil. Lançado no fim da década de 90 nos Estados Unidos e na Europa, o remédio destina-se originalmente ao tratamento da narcolepsia, distúrbio caracterizado por crises breves e incontroláveis de sonolência excessiva. Os comprimidos de modafinil agem diretamente nos circuitos cerebrais da vigília, produzindo uma descarga de dopamina, substância responsável, entre outras funções, pelo estado de alerta. Isso pode fazer com que a pessoa fique acordada por até cinqüenta horas seguidas. Uma loucura.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Conselhos para Dormir Melhor

À noite, procure comer somente alimentos de fácil digestão e não exagerar nas quantidades
Evite tomar café, chás com cafeína (como chá-preto e chá-mate) e refrigerantes derivados da cola, pois todos são estimulantes ("despertam").
Evite dormir com a TV ligada, uma vez que isso impede que você chegue à fase de sono profundo.
Apague todas as luzes, inclusive a do abajur, do corredor e do banheiro
Vede bem as janelas para não ser acordado(a) pela luz da manhã
Não leve livros estimulantes nem trabalho para a cama
Procure usar colchões confortáveis e silenciosos
Tire da cabeceira o telefone celular e relógios
Tome um banho quente, de preferência na banheira, para ajudar a relaxar, antes de ir dormir
Procure seguir uma rotina à hora de dormir, isso ajuda a induzir o sono

As Fases do Sono


Fase 1
Melatonina é liberada, induzindo o sono(sonolência)
Fase 2 
Diminuem os ritmos cardíaco e respiratório, (sono leve) relaxam-se os músculos e cai a temperatura corporal
Fases 3 e 4 
Pico de liberação do GH e da leptina; cortisol começa (sono profundo) a ser liberado até atingir seu pico, no início da manhã
Sono REM
Sigla em inglês para movimento rápido dos olhos, é o pico da atividade cerebral, quando ocorrem os sonhos. O relaxamento muscular atinge o máximo, voltam a aumentar as freqüências cardíaca e respiratória

A Importância do Sono

Dra. Regeane Trabulsi Cronfli

É um total contra-senso o fato de que, num mundo em que cerca de 16 a 40% das pessoas em geral sofrem de insônia, haja aquelas que, iludidas pelos valores da sociedade industrial, esforçam-se por reduzir o número de horas de sono diário,. Com isso acreditam, provavelmente, que um corpo "treinado" para dormir menos nos permita ampliar o número de "horas úteis" do dia, mantendo o mesmo desempenho.
Pura ilusão ou, mais provavelmente, uma boa dose de ignorância sobre a importância que o sono tem no funcionamento de nosso corpo e da nossa mente.
Dormir não é apenas uma necessidade de descanso mental e físico: durante o sono ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados,  podem afetar o equilíbrio de todo o organismo a curto, médio e, mesmo, a longo prazo. Estudos provam que quem dorme menos do que o necessário tem menor vigor físico, envelhece mais precocemente, está mais propenso a infecções, à obesidade, à hipertensão e ao diabetes .
Alguns fatos comprovados por pesquisas podem nos dar uma idéia da importância que tem o sono no nosso desempenho físico e mental. Por exemplo, num estudo realizado pela Universidade de Stanford, EUA, indivíduos que não dormiam há 19 horas foram submetidos a testes de atenção. Constatou-se que eles cometeram mais erros do que pessoas com 0,8 g de álcool no sangue - quantidade equivalente a três doses de uísque. Igualmente, tomografias computadorizadas do cérebro de jovens privados de sono mostram redução do metabolismo nas regiões frontais (responsáveis pela capacidade de planejar e de executar tarefas) e no cerebelo (responsável pela coordenação motora). Esse processo leva a dificuldades na capacidade de acumular conhecimento e alterações do humor, comprometendo a criatividade, a atenção, a memória e o equilíbrio.
O sono e os hormônios
A longo prazo, a privação do sono pode comprometer seriamente a saúde, uma vez que é durante o sono que são produzidos alguns hormônios que desempenham papéis vitais no funcionamento de nosso organismo. Por exemplo, o pico de produção do hormônio do crescimento (também conhecido como GH, de sua sigla em inglês, Growth Hormone) ocorre durante a primeira fase do sono profundo, aproximadamente meia hora após uma pessoa dormir.
   
Qual é o papel do GH? Entre outras funções, ele ajuda a manter o tônus muscular, evita o acúmulo de gordura, melhora o desempenho físico e combate a osteoporose. Estudos provam que pessoas que dormem pouco reduzem o tempo de sono profundo e, em conseqüência, a fabricação do hormônio do crescimento.
A leptina, hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade, também é secretada durante o sono. Pessoas que permanecem acordadas por períodos superiores ao recomendado produzem menores quantidades de leptina. Resultado: o corpo sente necessidade de ingerir maiores quantidades de carboidratos.
Com a redução das horas de sono, a probabilidade de desenvolver diabetes também aumenta. A falta de sono inibe a produção de insulina (hormônio que retira o açúcar do sangue) pelo pâncreas, além de elevar a quantidade de cortisol, o hormônio do estresse, que tem efeitos contrários aos da insulina, fazendo com que se eleve a taxa de glicose (açúcar) no sangue, o que pode levar a um estado pré-diabético ou, mesmo, ao diabetes propriamente dito. Num estudo, homens que dormiram apenas quatro horas por noite, durante uma semana, passaram a apresentar intolerância à glicose (estado pré-diabético).
Mas qual é a quantidade ideal de horas de sono? Embora essa necessidade seja uma característica individual, a média da população adulta necessita de 7 a 8 horas de sono diárias. Falando em crianças, é especialmente importante que seja respeitado um período de 9 a 11 horas de sono, uma vez que, quando elas não dormem o suficiente, ficam irritadiças, além de terem comprometimento de seu crescimento (devido ao problema já mencionado sobre a diminuição do hormônio do crescimento), do aprendizado e da concentração.
É na escola que os primeiros sintomas da falta de sono são percebidos. O desempenho cai e a criança pode até ser equivocadamente diagnosticada como hiperativa, em função da irritabilidade e de sua dificuldade de concentração, conseqüentes da falta do sono necessário. É no sono REM, quando acontecem os sonhos, que as coisas que foram aprendidas durante o dia são processadas e armazenadas. Se alguém, adulto ou criança, dorme menos que o necessário, sua memória de curto prazo não é adequadamente processada e a pessoa não consegue transformar em conhecimento aquilo que foi aprendido. Em outras palavras: se alguém - adulto ou criança - não dorme o tempo necessário, tem muita dificuldade para aprender coisas novas.
Riscos provocados pela falta de sono a curto prazo: cansaço e sonolência durante o dia, irritabilidade, alterações repentinas de humor, perda da memória de fatos recentes, comprometimento da criatividade, redução da capacidade de planejar e executar, lentidão do raciocínio, desatenção e dificuldade de concentração.
Riscos provocados pela falta de sono a longo prazo: falta de vigor físico, envelhecimento precoce, diminuição do tônus muscular, comprometimento do sistema imunológico, tendência a desenvolver obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e gastro-intestinais e perda crônica da memória.